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Felix Scheinberger em Santa Teresa

Essa é a história de como Felix Sheinberger veio para o Rio de Janeiro e quebrou o meu celular. Mas ei, nada tão trágico assim que não possa virar uma boa história.

Felix Sheinberger, um ilustrador alemão reconhecido pela suas técnicas aquareladas aplicadas ao Sketch Urbano, veio para o Brasil compartilhar um pouco da sua trajetória e dar algumas dicas para nós, seus fãs. Como as palestras eram gratuitas, rapidamente as vagas se esgotaram e eu não consegui sair da fila de espera. Foi quando eu soube que ele iria se despedir do Rio de Janeiro subindo e rabiscando pelo Vidigal e, quem quisesse, poderia acompanhá-lo.

Nas vésperas, deixei a mochila pronta, o material separado, o despertador engatado. Saí sem tomar café e terminei presa no trânsito do Jardim Botânico, que reverberava um acidente ocorrido lá para as bandas da Gávea. Pronto, tinha perdido a hora e nunca seria capaz de encontrar o grupo de rabiscadores pela favela. Desci do ônibus e fui caminhando resignada para o Parque Lage, onde pintei durante algumas horas no jardim.

Porém, no dia seguinte e às vésperas da sua partida, soube que haveria uma discreta e despretensiosa despedida, não oficialmente divulgada. O Felix, nesse último dia, estava aberto à sugestões e encontraria todos próximo aos arcos da Lapa, em frente ao Hotel onde estava hospedado.

Dessa vez eu fui a primeira a chegar e, quando finalmente um grupinho significativo estava formado, decidimos subir a Escadaria Selarón e apresentar Santa Teresa ao Felix.

A gente foi subindo e apontando para o Felix tudo que é considerado de mais bonito e tradicional em Santa Teresa: a Escadaria Selarón, o Curvelo, o Parque das Ruínas, o Largo dos Guimarães. Mas o Felix parecia procurar um outro tipo de ponto para pararmos, um lugar menos turístico e mais inusitado.

Num dado momento, sentamos na calçada e começamos a rabiscar. E quando o bonde passou, o Felix pediu um celular emprestado para tirar rapidamente uma foto e usar como referência para complementar a sua pintura. E foi aí que, com o sketch já finalizado, ele se virou para o lado e o meu iPhone novinho ~ PAFT ~ caiu no chão.

A tela quebrou e eu fiquei sem graça com a situação, pois só a gente que é brasileiro sabe o valor de uma autorizada da Apple. Mas o Felix pagou o exato valor que encontramos na tabela do site da Apple referente à troca de tela e nós seguimos com o passeio.

Depois de mais duas ou três paradas caminhando por Santa Teresa, finalmente paramos para almoçar no tradicional Armazém do São Thiago (Bar do Gomes) onde pedimos feijoada e trocamos figurinhas sobre Sketch Urbano, sobre o trabalho de cada um e sobre a tarde deliciosa que se encerrava.

Algumas semanas mais tarde eu vim a descobrir que, na verdade, o meu celular tinha sofrido perda total e seria preciso, de acordo com a autorizada da Apple, trocar por um novo, o que me custaria pelo menos 3x a fortuna da tela. Como vocês podem imaginar, eu não fiquei nem um pouco chateada com o Felix, mas extremamente irritada com a Apple.

Então eu peguei o $$ que o Felix me deu, fui lá na Uruguaiana mesmo e troquei a tela do meu celular que, até o momento, funciona perfeitamente. Com o que sobrou do dinheiro eu comprei capinhas acolchoadas para iPhone (afinal, nunca se sabe quando o bonde vai passar) e fiz diversas cópias coloridas do meu humilde Sketch do Cine Santa realizado naquele dia ao lado do Felix, para distribuir entre meus amigos de Santa Teresa.

Tarcila Alvarenga
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